Munição para o atraso


 Quando teve a oportunidade de demonstrar sua independência, reforçando valores e trajetória, a bancada petista assobiou o canto do Centrão, municiando com 6 dos seus 11 votos os ataques ao vereador Netinho de Paula, do PCdoB.
Por Wander Geraldo
Há dias, a Câmara Municipal de São Paulo julgou improcedente o pedido da Corregedoria para abrir um processo disciplinar contra o vereador Netinho de Paula (PCdoB-SP). Nada mais justo.  A retaliação contra Netinho traduzia tão-somente o desejo de vingança e notoriedade a qualquer custo de parcela de vereadores do antigo Centrão que, junto com vereadores do PT paulistano, perderam a última eleição para a Mesa. Entrincheirados na Corregedoria da Câmara e açulados pelas manchetes de certos jornais, sem perder a antiga arrogância adotou um roteiro farsesco montado para desacreditar o atual primeiro secretário da mesa daquela Casa.
Não surpreendeu o fato da ampla maioria dos vereadores paulistanos rejeitar o ressentimento de parte do Centrão contra o vereador Netinho de Paula. Diante de um embuste, de denúncias marcadas pela subjetividade, o vereador do PCdoB paulistano, com admirável coragem e transparência deu satisfações convincentes para a opinião pública, para os colegas de Câmara e para o próprio PCdoB - partido que tem uma história 89 anos de ética, honra e honestidade.
A surpresa ficou por conta da atitude da bancada do PT paulistano que municiou com 6 dos seus 11 votos os ataques ao vereador do PCdoB. Nenhum voto da bancada petista foi proferido contra a farsa montada para prejudicar o vereador Netinho de Paula. É curioso como os tempos mudam e alguns tentam a inversão de papéis.
A sabedoria popular talvez seja, nesse particular, esclarecedora. Diz um ditado que “ao meio dia, quem não almoça, assobia”. Quando teve a oportunidade de demonstrar sua independência, reforçando valores e trajetória, a bancada petista assobiou o canto do Centrão.  
É evidente que não cabe ao PCdoB determinar o caminho a nenhum partido. Mas isso não significa que o PCdoB deva assumir uma posição neutra ou indiferente no que tange as conseqüências do posicionamento injustificável adotado pela bancada petista – em maior ou em menor grau. O PCdoB esteve ao lado do PT nos momentos mais difíceis e decisivos da vida nacional. Em 1988 no município de São Paulo e no ano seguinte na campanha presidencial, o PCdoB contribuiu decisivamente para a construção de um amplo movimento que levou a vitória das forças do povo em 2002, com a eleição de Lula presidente.
Quando provocações, denúncias e chantagens truculentas desferidas para desestabilizar o governo Lula, e o PT enfrentou um quadro de desagregação e ataques, contou sempre com o respeito, a solidariedade e o apoio do PCdoB contra a indústria da difamação. Não foi diferente quando nova onda de denuncismo atingiu a campanha de Mercadante ao governo em 2006. Há menos de 9 meses, o vereador Netinho de Paula levou o seu carisma, o seu idealismo e a sua história de vida para o mesmo palanque do PT, contribuindo decisivamente para a ampliação da campanha da presidente Dilma, de Aloízio Mercadante e compondo a chapa de senadores que elegeu Marta Suplicy.
Por tudo isso, era de se esperar, do PT paulistano, uma relação política minimamente responsável e civilizada com o PCdoB. O que vimos foi o desrespeito político, atitudes pueris de vingança e sabotagem que, feitas as contas, voltam-se contra aqueles que impregnam suas ações políticas com revanchismo e ressentimento.
O fato é que a manobra contra o vereador Netinho de Paula recebeu a sua última pá de cal. E o outro fato, que incomoda a alguns, é que Netinho continua sendo um fenômeno ancorado nas pesquisas eleitorais para a Prefeitura de São Paulo e nas aspirações populares.
O PCdoB paulistano manifesta publicamente a sua solidariedade e a sua congratulação ao vereador Netinho pela forma altiva, transparente e corajosa com a qual enfrentou a “tocaia” armada pelos setores mais conservadores da política local, municiados com o voto e a omissão daqueles que já partiram para o vale-tudo eleitoral
Wander Geraldo da Silva é membro da direção nacional e estadual do PCdoB e presidente do Comitê Municipal do PCdoB de São Paulo

Este vídeo e música é a cara da minha juventude

Freira Corinthiana

Uma freira faz sinal para um táxi parar. Ela entra e o taxista não pára de olhar para ela:

- Por que você me olha assim?

Ele explica:
- Tenho uma coisa para lhe pedir, mas não quero que fique ofendida...

Ela responde:
- Meu filho, sou freira há muito tempo e já vi e ouvi de tudo. Com certeza não há nada que você possa me dizer ou pedir que eu ache ofensivo.

- Sabe, é que eu sempre tive na cabeça uma fantasia de ser beijado na boca por uma freira...

A freira:
- Bem, vamos ver o que é que eu posso fazer por você: primeiro, você tem que ser solteiro, corinthiano e também católico.

O taxista fica entusiasmado:
 
 - Sim, sou solteiro, corinthiano desde criancinha e até sou católico também!

A freira olha pela janela do táxi e diz:
 
 - Então, pare o carro ali na próxima travessa.

O carro para na travessa e a freira satisfaz a velha fantasia do taxista com um belo beijo na boca, de lingua, daqueles de cinema, aí a coisa esquenta e vai pro rala e rola.

Mas, no meio do caminho o taxista começa a chorar:

- Meu filho - diz a freira - Porque é que está chorando?

- Perdoe-me Irmã, mas confesso que menti:
 
- Sou casado, palmeirense e sou evangélico.

A freira conforta-o:

- Deixa pra lá, fôfo... Estou a caminho de uma festa a fantasia, sou travesti, me chamo Alfredo e torço pro São Paulo!

Momento de reflexão








Madame existiu mesmo

Pra que discutir com Madame:

Madame diz que a raça não melhora
Que a vida piora
Por causa do samba
Madame diz que o samba tem pecado
Que o samba é coitado
Devia acabar
Madame diz que o samba tem cachaça
Mistura de raça, mistura de dor
Madame diz que o samba é democrata
É música barata
Sem nenhum valor
Vamos acabar com o samba
Madame não gosta que ninguém sambe
Vive dizendo que o samba é vexame
Pra que discutir com Madame
No carnaval que vem também com o povo
Meu bloco de morro vai cantar ópera
E na avenida entre mil apertos
Vocês vão ver gente cantando concerto
Madame tem um parafuso a menos
Só fala veneno
Meu Deus que horror
O samba brasileiro, democrata
Brasileiro na batata é que tem valor.






Este samba da autoria de Haroldo Barbosa e Janet de Almeida, de 1956, incorporado ao repertório de João Gilberto com sotaque de bossa nova, não é só mais uma canção valorizando o samba e dando de ombros para aqueles que costumam desdenhar do gênero. A referida Madame que afirma ser o "samba música barata, sem nenhum valor" realmente existiu. Magdala da Gama de Oliveira, tornou-se conhecida como crítica de rádio, escrevendo numa coluna do jornal Diário de Notícias (durante três décadas foi um dos mais importantes jornais do país. Lidera a circulação no Rio de janeiro e ganha a fama de um veículo de opinião livre e independente, atingindo um alto padrão de credibilidade) e assinando com o pseudônimo de Mag. Mag, conseguiu entrar para a história da MPB, pelos ataques deferidos contra o samba. De acordo com os opositores de Madame a intenção da autora era diminuir o samba, desclassificá-lo como música brasileira.

Mas se Mag tinha seu espaço na imprensa para condenar a canção popular e seus compositores, do outro lado havia aqueles que gastavam tempo e pena para fazer a defesa do réu. Fernando Lobo, compositor e jornalista, não suportando o pedantismo de Mag, escreve em 1944, uma artigo na revista O Cruzeiro, utilizando-se inteligentemente do mesmo repertório da inimiga do samba para desautorizar seus argumentos. Assim, sob o título Sugestão a Madame, Lobo, responde às ofensas de Magdala : "O dia de hoje está ai, bem diverso e distante da infância de madame. Como está o samba? Ah! Nos EUA rolando dentro das películas e passando nos microfones civilizados do mundo inteiro. Não são os dentes estragados dos homens do regional, nem a ausência dos smockins, nem o sono do tocador de cavaquinho ou os enfeites baratos das cabrochas, que destroem o samba. Todos esses fatos são derivados de uma situação social e material diversa de que madame conhece e desfruta. O samba não tem culpa. Mozart que tinha maus dentes e não pagava as dívidas, Chopin, a que George Sand muito ajudou. Schubert e muitos outros, foram na época, os mesmos miseráveis que são os nossos tocadores populares. (...). Vamos ver até onde chega a ignorância humana! Portinari já pintou o samba, já refletiu nas suas telas a expressão de nossa música. Villa Lobos aí está. Toda a grandeza de sua obra é apoiada nos ritmos populares do Brasil. E os que vêm de fora, da terra de Chopin, ou de Mozart, de Ravel ou de Stravinsky, ficam sempre deslumbrados ante a beleza positiva e grandeza do nosso ritmo! Por que matar o samba, ó impiedosa Madame? Sendo ele alegria da gente humilde é também a alegria dos da sua classe e ao mesmo tempo o alicerce de uma música definitiva que se esboça no cenário musical brasileiro. (...). "

Nos anos 40 Carmen Miranda fazia sucesso nos Estados Unidos - país, visto por muitos brasileiros, como o exemplo de nação moderna e civilizada. Estrelando no cinema norte-americano, Carmen apresentava na terra do Tio Sam e em outros países da Europa o samba como o ritmo brasileiro. Se os yankees haviam aprovado o gênero, como Madame, tão aculturada, podia reprová-lo? Continuando a desconstruir os argumentos de Mag que insistia em desprestigiar o samba por ser música oriunda das camadas populares, Lobo lembra da pobreza dos compositores eruditos e da valorização da canção popular por artistas brasileiros respeitados pela elite como o compositor Vila Lobos e o pintor Candido Portinari.

Mas a contenda não para aí. Em 1946 foi a vez de Afoché indignar-se com a arrogância elitista de Magdala e mandar-lhe um recado: "... Temos lido críticas severas, principalmente de inimigos deliberados e intransigentes da canção popular como essa sofisticada e venerável matrona que se assina Mag e que não compreende outra música, outra emoção, outro sentimento que não seja o RAFINÉE. Na mesma época que vemos Villa Lobos Stokowsky, Mignone e outros musicistas de classe exaltarem a música fonte, que é esta nascida da própria alma ingênua da rua, do coração do povo, uma professora fracassada e medíocre e de nível cultural abaixo da linha aceitável, investe diariamente, com a bateria de sua intransigência, contra tudo que é música popular, que vise a alegria da massa ou encontre o caminho de seu agrado. (...). Todos os compositores brasileiros, a seu ver, são analfabetos e ignorantes. É impossível para Mag, que um lustrador de móveis como Heitor dos Prazeres cante com ingenuidade e sincera emoção a canção de seu amor. E no entanto a National Gallery, de Londres expôs quadros desse mesmo lustrador de móveis, Heitor dos Prazeres. Crítica é livre, mas o leitor dessas críticas exige, antes de tudo, honestidade. E é permitido voltar-se contra os pareceres mal dados, se eles revelam vícios de origem, suspeição má fé e intenção de ser do contra de qualquer jeito. Se a maneira de Mag analisar as canções populares variasse à medida que fosse achando exceções, ainda era possível acreditar em um louvado propósito. Mas nada disso acontece. Tudo é ruim. Nada presta...."

O jornalista não polpa palavras, pretendendo desacreditar Magdala frente ao leitor a acusa de incompetente para criticar o samba, Para Afoché, o ponto de partida de Mag era o preconceito, assim tendo só ouvidos para a música erudita, o rafinée, não era capaz de discernir a boa da má música popular fazendo tábua rasa de tudo.
Mas não bastasse os revides dos jornalista nos anos 40, às posições de Magdala assumidas publicamente em relação ao samba, fariam render ainda, dez anos depois desse último artigo assinado por Afoché, a canção marota da autoria de Haroldo Barbosa e Janet de Almeida, Pra que discutir com Madame. Aliás essa é uma boa pergunta, já que Mag era considerada limitada intelectualmente, equivocada e pretensiosa ao querer julgar o que deveria e o que não deveria ser a música brasileira, por que mereceu tanto destaque, dispondo estes jornalistas a combate-la?
O fato é que essa contenda, embora fosse travada com Mag, tem início lá nos anos 30, quando o rádio, tateando em busca de uma programação mais ao gosto do ouvinte, passou a difundir a canção popular carioca - de acordo com os registros da imprensa da época - como a canção popular nacional. No mesmo período, investindo no sucesso que o samba conquistava no rádio, o cinema nacional produziu os musicais carnavalescos, contribuindo para tornar o gênero conhecido nacionalmente.

A luta das representações em torno da constituição de uma identidade nacional marcaram sobremaneira o governo de Getúlio Vargas que pretendia promover a unidade a fim de assegurar o seu poder, eliminando as possíveis tensões entre os diferentes segmentos sociais. Dessa maneira, ao mesmo tempo que encontravam-se sediados no Ministério da Educação e Saúde compositores eruditos como Villa Lobos, Vargas não deixava de reconhecer os sambas e as marchinhas, como representante legítimos da música brasileira.

Todavia, se essa era a postura de um governante populista, que buscava harmonizar a sociedade ao promover um simbólico comum, capaz de integrar aqueles setores sociais, até então marginalizados de cidadania, no cotidiano as rixas continuavam. Aliás em torno das mesmas representações que pretendiam promover a unidade, como por exemplo a música.

O samba, pela sua origem negra e popular sempre foi hostilizado por aqueles setores mais conservadores que se viam identificados com a cultura européia. Para estes segmentos, aceitar o samba como música nacional, significava internamente "misturar-se ao povo" que tanto rejeitavam e externamente admitir um Brasil atrasado, primitivo inferior às nações desenvolvidas. Por isso pessoas como Magdala tentavam a todo custo rechaçar o samba como identidade nacional. Esta é, portanto, uma longa história que não termina nos anos 30, ou nos 40 e tão pouco nos 50. Apesar de nos anos 60 a bossa nova aproximar os mais elitistas da canção popular, a letra da composição de Haroldo Barbosa não perde a sua contemporâneidade, pois as fronteiras sociais, apesar de todo o hibridismo reinante na cultura de massa, continuariam se perpetuando simbolicamente através da música.
BIBLIOGRAFIA

ANDERSON, B. - Nação e Consciência Nacional. São Paulo. Ed. Scipione, 1995.

CABRAL, Sérgio.- No tempo de Almirante - Uma história do Rádio e da MPB. RJ. Ed. Francisco Alves, 1990.


SQUEFF, E. & WISNIK, J.M. - O Nacional e o Popular na Cultura Brasileira - Música. SP. Ed. Brasiliense, 1982.


SOUZA, Otávio.- Fantasias de Brasil: as identificações na busca da identidade nacional. SP. Ed. Escuta, 1994.


TINHORÃO, José Ramos.- Música Popular - do Gramofone ao Rádio e TV. SP. Ed. Ática, 1978.

_____________________.- Música Popular - De índios, Negros e Mestiços. RJ. Ed.

Tania da Costa Garcia
Professora de Sociologia da Comunicação da FACOM/FAAP
e de História da Comunicação da FIAM
Mestre em Ciências Sociais e Doutora em História Social pela USP

Logo para o 2º Encontro de Blogueiros

Flyer criado para o Bardo Batata para o dia dos namorados

 
Blog do Bezerra © 2010 | Diseñado por Chica Blogger | Volver arriba